Eliane Calheiros Cansanção

A educação inclusiva exige de toda sociedade compromisso e competência, para que assim possa acontecer na prática. Surge então um dos maiores desafios da educação deste século, fazer com que o processo de inclusão torne-se realidade.

A escola é um espaço de aprendizagem e enquanto instituição educativa deve estar preparada para acompanhar crianças, adolescentes e jovens ao longo do seu desenvolvimento, tornando-os criativos e autônomos.

O Brasil de hoje ainda tem muito o que fazer para que ocorra o processo de inclusão na prática escolar. Verifica-se no dia a dia, que os professores precisam estar melhor preparados para atender esta demanda.

Para este grande desafio, se faz necessário mudar, ressignificar os modelos de aprendizagem por não estarem adequados ao momento que se vive. É hora de construir novos modelos de ensino, ressignificando-os e pensar na formação acadêmica dos professores como de fundamental importância para este processo, permitindo abrir um espaço de reflexão, sobre:

* Qual o perfil necessário para o profissional da educação “atender” em tempos de inclusão?
* Como a psicopedagogia pode contribuir neste processo de inclusão junto ao professor?

Edgar Morin, filósofo contemporâneo, coloca que não estamos preparados para a compreensão das realidades complexas, nos foi ensinado a fragmentar a realidade, a ver os fenômenos isolados. Então, precisamos começar a olhar o mundo como um “sistema”, uma rede inter-ligada e aprender a pensar de modo sistêmico.
O psicopedagogo na instituição escolar deve desenvolver um trabalho junto ao professor, voltado para o processo ensino – aprendizagem e na relação professor – aluno, sendo importante sua contribuição para a formação dos professores.

Como cita Laura M. Serrat Barbosa, psicopedagoga, entre as possíveis ações , a psicopedagogia pode:

” – propiciar a reflexão na escola, auxiliá-la a repensar seus valores e crenças com relação à igualdade;
– auxiliar os pais a pensarem sobre as dificuldades de seus filhos e perceberem se a insistência a respeito da inclusão não está atrelado à negação da dificuldade;
– conhecer o real potencial da criança a ser incluída e as possibilidades que o meio possui para estimular este potencial;
– não focar na doença, e sim nas possibilidades do sujeito e do contexto;
– auxiliar a escola a encontrar saídas metodológicas e avaliativas não exclusivas;
– divulgar uma proposta e trabalho grupal, descentralizador do papel do professor;
– divulgar o ensino pela pesquisa, para que todos possam participar, independente de suas dificuldades;
– indicar as posibilidades de adaptação de linguagens e materiais, quando isto for necessário.”

Como também, a psicopedagogia pode atender estas demandas de inclusão escolar ao trabalhar com a subjetividade do professor, fazendo com que o mesmo ressignifique seus modelos de aprendizagem e ensinagem, sendo este trabalho favorável para o processo de inclusão.

Adauto Novaes, filósofo brasileiro, vem refletindo sobre os rumos do mundo, sobre os impactos das revoluções científicas, das tecnociências em nossas vidas e no nosso pensamento, e afirma que “estamos mutantes”. Portanto, é preciso pensar e repensar a formação do professor como fator determinante no processo de inclusão em “tempos de mutação”. É preciso sentir e pensar a educação.

Para refletir:
“A beleza das flores está na biodiversidade e do desenvolvimento do ser humano nas diferenças”.